Como consta em várias reportagens, o Bullying é o tema do mês, inclusive tivemos nesta semana relatos de que a princesa japonesa Aiko foi vítima de "assédio escolar" no colégio em que estuda. Vejam a nota:
" A princesa, que estuda na renomada escola Gakushuin, em Tóquio, se queixou de dor de estômago e ansiedade, e desde terça-feira passada não foi à escola, segundo um porta-voz citado pela agência "Kyodo".
Aparentemente, um grupo de meninos da escola intimidou vários colegas, entre eles a princesa Aiko, o que levou o Palácio Imperial a intervir e pedir aos responsáveis pelo colégio para solucionarem o problema, informou o porta-voz.
Esta é a primeira ocasião na qual a Casa Imperial japonesa intervém para resolver problemas no colégio da pequena Aiko."
Por conta de mais este fato, separei mais uma matéria sobre o tema.
Sabrina
Agressão sobre "patinhos feios" é indício de delinqüência escolar
Apesar dos festejos que tomaram os dias de outubro, "mês das crianças", vítimas de bullying não vêem motivos para comemorar. O fenômeno internacional, resultado de atitudes agressivas intencionais e repetitivas entre estudantes que disputam poder, afeta a vida de 40,5% da população infantil carioca, segundo pesquisa realizada em 2002 pela ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência), envolvendo 5.875 estudantes de 5ª à 8ª séries, de 11 escolas localizadas no município.
Nas escolas, nos clubes e nos cursos de idioma há, pelo menos, uma criança que é alvo de rejeições. O desajuste infantil - gerado pela sensação de não-pertencimento ao código social - é pretexto suficiente para a chacota geral ou, em muitos casos, é fruto dela. O drama, apesar de não ser recente e de atingir instituições públicas e privadas, somente agora é reconhecido como um distúrbio social a ser combatido por orientadores escolares.
Segundo a psicoterapeuta especializada em terapia infantil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Existencial do ISECENSA - Campos dos Goytacazes, Cristiana Pizarro, "os alvos, em geral, são pouco sociáveis e detentores de um forte sentimento de insegurança, que os impede de solicitar ajuda, além de não disporem de status, recursos ou habilidade para cessarem os atos danosos contra si".
De acordo com os resultados do programa, os traumas sobre a vítima são complexos e exigem imediatos diagnóstico e tratamento, bem como sua repercussão social. Muitas crianças passam a ter baixo desempenho escolar, resistem a freqüentar a instituição de ensino e abandonam os estudos precocemente. O bullying pode gerar, ainda, casos de depressão e de suicídio entre jovens que não recebem a devida orientação escolar ou familiar a tempo. Já os praticantes do bullying, de acordo com a psicóloga, "tornam-se, muitas vezes, adultos com atitudes violentas e anti-sociais, podendo adotar, inclusive, comportamentos delinqüentes ou criminais".
- Eu era um "patinho feio" que conseguiu derrubar o estigma, mas ainda hoje sofro as conseqüências da agressão. De uma criança falante passei a assumir a introspecção e a timidez como defesa. Rasgava e escondia convites de aniversários porque sabia que me humilhariam por meus óculos fundo de garrafa, pernas finas, meias bordadas pela avó e, para completar, por meu bom desempenho escolar. Agora, apesar de muito sociável, sofro, sobretudo, em situações de concorrência profissional, quando a insegurança prevalece - declara a jornalista e estudante de Artes Cênicas, Luiza Gomes.
Para a psicóloga, a saída pelo consumo é bastante usual, o que amplia o mal-estar social e a síndrome do ter para suprimir lacunas.
- Aproximar-se de um modelo estético e comportamental tornou-se pré-requisito em qualquer ambiente de sociabilidade, sobretudo para o indivíduo em fase de formação. A constante busca por aceitação condena o jovem ao cárcere da multiplicidade padrão, ou seja, desde muito cedo, tornamo-nos joguetes dentro do mesmo, proibidos de qualquer rasgo de autenticidade, regrados pelo vazio do descartável. O diferente ameaça o limiar de conforto da polis e é sumariamente expelido pela conveniência da imagem. Um simples "desvio" ao previsível é considerado nocivo ao corpo social, para muitos, beirando inclusive a patologia. É emergencial que se trabalhe para reverter essa lógica. A saúde social não está na eliminação da curva, mas na possibilidade da igualdade pela diferença.
Apelidar, agredir, difamar, ameaçar e pegar pertences são apenas algumas das "brincadeiras" físicas e psicológicas a que está suscetível qualquer criança que, intimidada, possivelmente não irá motivar adultos a agirem em sua defesa. Portanto, mais do que diagnosticar o problema, é preciso difundir o conceito do bullying para que pais e orientadores escolares atentem para a tomada de iniciativas.
Referências:
imagem: http://images.ig.com.br/publicador/ultimosegundo/arquivos/cdocuments_and_settingslmeirelesigdesktope52673df3ab64b1893d70289c70f5fa5
textos: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/temas-especiais-10.asp
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/03/05/princesa+do+japao+deixa+de+ir+as+aulas+por+provocacoes+de+colegas+9417898.html
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